Diagnóstico e Procedimentos

O que é arritmia?

A arritmia significa uma alteração do ritmo normal do coração, produzindo frequências cardíacas rápidas, lentas e/ou irregulares. Também é conhecida como disritmia ou ritmo cardíaco irregular.
Atenção: nem todas as frequências rápidas ou lentas significam arritmias.

Quais as causas das arritmias?

Há diversas causas como doenças das artérias coronárias, doenças do músculo cardíaco (miocardiopatias ou insuficiência cardíaca), doenças valvares, doenças infecciosas (doença de chagas), alterações nas concentrações de eletrólitos (sódio, potássio e cálcio) no corpo, pós-cirurgia cardíaca ou congênita (defeito presente desde o nascimento).

Quais são os tipos de arritmia?

As arritmias dividem-se em dois tipos, de acordo com a frequência: 1) Taquicardias: A frequência cardíaca é maior que 100 batimentos por minuto. Podem ser decorrentes de ansiedade, medicações ou exercício. A frequência cardíaca é considerada anormal quando ocorre um aumento súbito, desproporcional ao esforço realizado, e podem ocorrer em diversas circunstâncias (repouso, sono, atividades diárias ou exercício). 2) Bradicardias: A frequência cardíaca é menor que 60 batimentos por minuto, podendo ser normal durante o repouso, pelo uso de medicações ou em atletas.

Quanto ao local de origem subdividem-se em:

| Arritmias Supraventriculares: aquelas relacionadas à parte superior do coração (átrios) e ao nódulo atrioventricular
| Arritmias Ventriculares: aquelas arritmias relacionadas aos ventrículos (câmaras inferiores do coração).

Tipos de Taquicardias

Taquicardia Atrial: é um ritmo rápido do coração que se origina nos átrios.
Flutter Atrial: é uma arritmia causada por circuitos elétricos de condução lenta que se originam nos átrios e promovem um ritmo rápido e regular do coração.
Taquicardia por reentrada nodal (TRN): uma via elétrica extra, próxima ao nó atrioventricular, que faz com que o impulso elétrico se mova em círculo e passe por áreas que já passou anteriormente, fazendo o coração bater numa frequência bem acima do normal.
Taquicardia por via acessória ou síndrome de Wolff-Parkinson-White: via elétrica extra que existe desde o nascimento e conecta os átrios aos ventrículos, fazendo com que o impulso elétrico chegue mais rápido ao ventrículo.
Fibrilação atrial: impulsos elétricos extras originados nos átrios que desencadeiam batimentos rápidos, desorganizados e irregulares.
Extra-sístole ventricular: impulso elétrico extra originado no ventrículo que promove batimento antes do tempo.
Taquicardia Ventricular: impulso elétrico originado nos ventrículos que promove um ritmo rápido e potencialmente ameaçador da vida. Geralmente, é uma emergência médica.
Fibrilação Ventricular: é um ritmo rápido, desorganizado e errático, que não produz contração ventricular que causa morte súbita e necessita de imediata ressuscitação cardiopulmonar e desfibrilação (choque elétrico).

Tipos de Bradicardias

Existem 3 tipos básicos de bradicardias, dependendo do local onde ocorre o bloqueio do sistema elétrico do coração. Quando bloqueio ocorre no nódulo sinusal, que é o marcapasso natural do coração, chama-se de disfunção do nódulo sinusal. Além disso, o bloqueio do impulso elétrico pode ocorrer no nódulo atrioventricular ou nos ramos direito ou esquerdo do sistema elétrico do coração. O importante é que todos esses tipos de bloqueio podem levar à diminuição do número de batimentos cardíacos e causar sintomas como tonturas e desmaios. Dependendo do tipo de bloqueio, e dos sintomas que ele esteja causando, pode haver necessidade de implantar um marcapasso artificial.

Quais os sintomas das arritmias?

Os sintomas das arritmias são bastante variáveis, podendo ser silenciosa (não apresentar sintomas). Elas podem ser diagnosticadas pelo médico durante exame cardiológico (exame do pulso e ausculta do coração com aparelho específico).

O sintoma mais comum é a palpitação. Podem ocorrer também desmaios (recuperação rápida, espontânea e sem alterações motoras), tonteiras, falta de ar, mal-estar, sensação de peso no peito, fraqueza, fadiga, dor no peito, entre outros.

Os sintomas que indicam gravidade são confusão mental, pressão baixa, dor no peito e desmaios. Caso ocorra algum desses sintomas, é necessário realizar atendimento médico de URGÊNCIA para evitar morte do paciente.

Diagnóstico

O primeiro passo é procurar um médico cardiologista (médico de coração), que irá realizar um interrogatório sobre os sintomas e um exame físico no paciente. Após esses procedimentos, ele solicitará alguns exames para esclarecer o diagnóstico, como por exemplo:
Eletrocardiograma: registro dos impulsos elétricos cardíacos através de eletrodos colocados sob a pele no tórax, braços e pernas. O resultado pode ser normal, mesmo em pacientes com arritmia. Algumas vezes, torna-se necessário realizá-lo durante a ocorrência dos sintomas. O paciente pode ir imediatamente a um serviço de emergência para ser examinado enquanto a aceleração estiver presente. Porém, frequentemente, o quadro já pode ter sido resolvido espontaneamente quando o paciente chega à emergência.

Holter de 24h: trata-se de um aparelho portátil que grava o eletrocardiograma por 24 horas.
Monitores de eventos: trata-se de um aparelho que grava o eletrocardiograma por 7 a 15 dias, sendo acionado pelo paciente quando a crise aparece.
Teste ergométrico: utilizado para arritmias que aparecem durante o esforço físico ou para observar o comportamento da arritmia durante o esforço. Pode ser útil também para determinar se a doença coronariana é causadora dessas arritmias.
Ecocardiograma: um tipo de ultrassom do coração que permite visualizar se há doença no músculo cardíaco ou nas válvulas, que possam estar causando essas arritmias.
Tilt-teste: está indicado para pessoas que apresentam desmaios durante a posição em pé ou sentado, precedidos por tonteiras, visão turva, sudorese. Consiste em deitar o paciente numa mesa que se inclina durante o exame. A pressão sanguínea e os batimentos cardíacos são monitorizados. Se houver queda da frequência cardíaca e/ou da pressão o exame é considerado positivo.
Estudo eletrofisiológico: teste provocativo através de cateteres (fios flexíveis), que permite realizar uma avaliação da integridade do sistema elétrico do coração e a indução de arritmias através de estimulação do coração, em pacientes com predisposição. Caso se comprove a existência dessas arritmias, elas podem ser tratadas através de uma cauterização no local afetado, processo denominado ablação por cateter.

TRATAMENTO

Existem várias modalidades de tratamento e a escolha depende do tipo de arritmia, frequência e severidade dos sintomas. Em alguns casos, não é necessário o tratamento. Os principais são: medicações, cardioversão elétrica, mudanças no estilo de vida, marcapassos e desfibriladores, ablação por cateter e cirurgia.

Medicações: várias drogas são úteis para o tratamento das arritmias. As principais modalidades são:
Drogas antiarrítmicas: usadas para converter a arritmia para um ritmo normal. Exemplo: amiodarona, sotalol, propafenona.
Drogas para o controle da frequência cardíaca: usadas para controlar a frequência cardíaca, deixando-a abaixo de 100 batimentos por minuto. São elas: betabloqueadores (propranolol, esmolol), bloqueadores do canal de cálcio (verapamil, diltiazem) e digital (digoxina).
Anticoagulantes ou antiplaquetários: usadas para diminuir a formação de coágulos no coração, que podem ocorrer durante algumas arritmias. Saiba mais
Cardioversão elétrica: trata-se de um choque elétrico dado no tórax para restaurar o ritmo normal do coração, quando as medicações falham ou quando o paciente apresenta sintomas intensos com risco. É feita sob leve sedação (paciente dormindo).
Mudanças no estilo de vida: Parar de fumar, diminuir a ingestão de álcool e cafeína, evitar o uso de estimulantes (descongestionantes nasais, mediações para tosse, alguns suplementos nutricionais).
Marcapasso Cardíaco: pequeno dispositivo utilizado para estimulação elétrica, evitando que os batimentos cardíacos fiquem muito lentos. Consiste em um gerador de pulsos e eletrodos.
Cardiodesfibrilador implantável: aparelho capaz de monitorar e tratar os ritmos anormais do coração, que podem representar risco de vida. (taquicardia ventricular e fibrilação ventricular)
.Ablação por cateter: trata-se de uma cauterização por energia de radiofrequência do tecido cardíaco responsável pela arritmia. Realizado através de cateteres introduzidos no coração.
Cirurgia cardíaca: poderá corrigir arritmias durante procedimento cirúrgico para tratar outras doenças no coração.